O sonho de chegar à Copa do Mundo tem outra dimensão para a seleção da Palestina. Impactada pelo conflito entre Israel e o Hamas, a equipe enfrentou várias dificuldades e medos nas últimas semanas, para além dos problemas históricos, e nesta quinta-feira estreia nas eliminatórias asiáticas rumo à 2026, contra o Líbano.
Seleção da Palestina tem sofrido com o conflito na Faixa de Gaza; Eliminatórias da Ásia vão começar — Foto: Divulgação / PFA
Os impactos da guerra no futebol
A mais recente onda de conflitos, iniciada no dia 7 de outubro, já levou à morte de mais de 10 mil pessoas na Faixa de Gaza e dezenas de milhares de feridos, de acordo com o ministério da Saúde local. Cerca de 1200 israelenses morreram no primeiro ataque do Hamas.
A guerra impactou o futebol de várias formas. Por questões de segurança, o Líbano vai mandar a partida contra a seleção da Palestina num local neutro, e não em Beirute: o estádio Khalid bin Mohammed, en Sharjah, nos Emirados Árabes Unidos. Esse jogo será com portões fechados.
— Vamos encarar cada jogo por vez, mas estamos orgulhosos de representar o povo da Palestina. Queremos entregar os resultados. É uma honra ser o técnico da Palestina, tenho sorte. É um time especial — afirmou o técnico Makram Daboub, em entrevista à agência "Arab News".
A Palestina, que normalmente joga no estádio Faisal Al-Husseini, na Cisjordânia, vai encarar a Austrália no Estádio Internacional Jaber Al-Ahmad, no Kuwait, no dia 21 de novembro.
Um amistoso contra o Iêmen previsto para os últimos dias foi cancelado. Além disso, a equipe teve de desistir de disputar amistosos e um torneio na Malásia no mês passado, porque não havia como ir embora do espaço cercado pelo exército de Israel.
No final de outubro, parte dos jogadores e comissão técnica conseguiram deixar a Palestina e foram para a Jordânia, onde treinaram desde o dia 22 para essa estreia na segunda fase das eliminatórias asiáticas.
Presidente da federação palestina, Jibril Rajoub, com os jogadores na Jordânia — Foto: Divulgação / PFA
A lista de 26 convocados pelo técnico Makram Daboub para os jogos contra Líbano e Austrália foi divulgada na segunda-feira. 10 atletas defendem clubes palestinos, e três não conseguiram deixar Gaza. A base do grupo é a que conseguiu vaga na próxima Copa da Ásia.
— O treinamento foi bom. Isso apesar da dificuldade psicológica dos jogadores por causa da guerra e das condições inseguras na Palestina, da preocupação com familiares, amigos e relativos. Eles acompanham no hotel ou no ônibus, por telefone, as notícias e fazem contato. Estão em constante estado de ansiedade — contou Daboub.
A Faixa de Gaza e a Cisjordânia, principais territórios palestinos, costumam organizar campeonatos regionais, mas os times não podem viajar entre essas duas localidades. O futebol por lá está suspenso desde a eclosão do novo conflito.
Ex-jogador da Palestina, Said al-Kurd mostra a casa destruída após bombardeios de Israel — Foto: Getty Images