A raça e o talento sul-americano bateram de frente com a frieza e o pragmatismo europeu no duelo entre Argentina e Holanda pelas quartas de final da Copa do Mundo do Catar. E a seleção que tinha Messi está entre as quatro melhores do Mundial.
No empate em 2 a 2, em um jogo que parecia decidido, mas que ganhou contornos de drama no estádio Lusail nos minutos finais, o time de Lionel Scaloni pôde comemorar uma classificação histórica nas cobranças de pênaltis.
Com gols de Molina e Messi, os argentinos transformaram o estádio numa verdadeira Bombonera, e alentaram a albiceleste a segurar a Holanda, que marcou duas vezes com Weghorst.
Os argentinos viram o goleiro Dibu Martínez ser um dos heróis da noite ao defender duas penalidades holandesas. Lautaro Martínez, que não vinha fazendo um bom Mundial, teve a tranquilidade e categoria para dar o golpe de misericórdia nos europeus e colocar a única seleção sul-americana entre as quatro melhores da Copa.
Nas semifinais, os argentinos encontrarão a atual vice-campeã mundial Croácia, que eliminou o Brasil nas cobranças de pênaltis, após empate em 1 a 1.
O jogo
Quem tem Messi, tem algo fora do normal. Enquanto a normalidade seguia dominando um jogo em que ninguém se destacava, nenhum lance de perigo acontecia, eis que a diferença resolveu aparecer aos 35 minutos.
Ao 'chamar' dois holandeses para bailar na intermediária, e a Laranja se esqueceu que o lateral Molina penetrava pela direita, entre dois marcadores. Em um passe milimétrico, Messi deixou o companheiro na cara do gol. E Molina só teve o trabalho de tocar no canto e completar a obra do craque.
A Holanda seguia tentando encontrar alguma alternativa que a fizesse chegar perto do gol de Dibu Martínez. Mas a defesa hermana, que se tornou praticamente um exército argentino guerreando por cada palmo de campo, impedia qualquer invasão holandesa.
Mas a estrela do gênio voltou a aparecer. E mesmo em um lance em que ele não estava. Acuña foi à linha de fundo e foi derrubado na área por Dumfries. Pênalti, que Messi cobrou com categoria para ampliar o placar e se tornar, ao lado de Batistuta, o maior goleador argentino na história dos mundiais.
Mas a Holanda achou seu gol, após cruzamento da direita, Werghorts subiu mais do que Lisandro Martínez e cabeceou para o gol. A bola quicou e traiu Dibu Martínez, que não conseguiu a defesa.
Como todo tango argentino, o drama estava na conta. Berghuis gelou a espinha de todo torcedor da Argentina ao chutar na rede, mas pelo lado de fora. Mas no último minuto, Weghorst marcou o segundo em uma bela jogada ensaiada após cobrança de falta. Desespero dos hermanos, vibração holandesa.
E o jogo foi para prorrogação com os holandeses animados e os argentinos nervosos, pressionados por terem deixado empatar um jogo em que estava 2 a 0.
Mas nos 30 minutos da prorrogação, os dois times se alternaram no comando do jogo. Nos instantes finais, a Argentina esboçou uma pressão e ainda colocou uma bola na trave com Enzo Fernández.
Nas cobranças de pênaltis, Van Dijk cobrou e Dibu Martínez pegou. Messi foi o primeiro da Argentina a cobra e deslocou Noppert para abrir o placar. Berghuis voltou a perder para Holanda. Paredes fez para os argentinos. Koopmeiners anotou o primeiro holandês. Montiel fez para a argentina. Weghorts marcou. Enzo Fernández mandou para fora e deu sobrevida para os holandeses. Luuk de Jong marcou para a Holanda. Mas Lautaro colocou a Argentina na semifinal da Copa do Mundo.
Argentina 2 (4) x 2 (3) Holanda
Motivo: quartas de final da Copa do Mundo
Local: estádio Lusail, em Doha
Gols: Molina e Messi (A); Weghorts (2) (H)
Cartões amarelos: Timber, Weghorst, Van Dijk (H); Acuña, Romero, Lisandro Martínez, Paredes, Pezzella (A)
Argentina
Emiliano Martínez; Molina (Montiel), Romero (Tagliafico), Otamendi, Lisandro Martínez (Di María) e Acuña (Pezzella); De Paul (De Paul), MacAllister e Enzo Fernández; Messi e Julian Álvarez (Lautaro Martínez). Técnico: Lionel Scaloni
Holanda
Nopper; Timber, Van Dijk, Ake e Blind (Luuk De Jong); De Roon (Koopmeiners), Depay (Weghorst), De Jong e Dumfries; Bergwijn (Berghuis) e Gakpo. Técnico: Lois Van Gaal